segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Declaração pelo direito de ser só.


Não quero mais e por enquanto debater minhas quase dúvidas com ninguém;
Não tenho conseguido me expressar o mínimo suficiente;
Também quero sentir o gostinho agridoce da certeza e

tenho me gostado e gozado melhor sozinha. Ser social confunde até as idéias que custei a construir e que hoje são responsáveis pelo meu próprio bem estar, e eu a pouco descobri um refúgio aconchegante dentro de mim.
Se é sorte, solidão, hipocrisia, medo ou depressão, isso ja não me convém determinar.
Só preciso encontrar uma maneira de sentir vontade de viver por mais e mais de um dia.
Respeito as escolhas e o passado de cada um.
Mas minha metamorfose pede urgência.

E espaço.

E o amor há de chegar sem que eu procure.

sábado, 14 de agosto de 2010

Este livro começa onde o leitor o abrir. Ele não tem início nem fim. Serve para o leitor "iniciar-se" na vida do pensador e também para ir além...

"(...)Observamos hoje, no Ocidente, o ressurgimento de interesse por doutrinas vagas, obscuras e experimentalmente errônias, que implicam ausência de espírito de luta e um desvio de energias tão necessárias á nossa sobrevivencia e aperfeiçoamento.
São doutrinas límbicas, ou seja, originadas apenas do hemisfério cerebral direito. Contudo, a ciência moderna tem apontado que a abertura para um futuro brilhante da humanidade reside certamente no total funcionamento do neocórtex - razão complementada pela intuição.
Podemos e devemos - como todos os grandes pensadores - pensar e agir a nível global.
Como eles, devemos nos utilizar, harmoniosamente, do hemisfério esquerdo do nosso cérebro (que está relacionado com o pensamento lógico, racional, analítico) e do hemisfério direito (que está relacionado com a intuição, criatividade e imaginação). O ser humano deve aprender a pensar holisticamente.
Toda criatura humana é um ser que nasceu pra vencer, pra realizar seu potencial como criatura-criadora . Mas pra facilitar esse trabalho de auto-aperfeiçoamento, ela precisa de um modelo ou paradigma.(...)"

E enfim, esse é um pedaçinho do capítulo de apresentação do livreto biográfico do Fernando Pessoa. É a coleção "O pensamento vivo de", impresso na primavera de 1988.
Ainda não li por inteiro. Mas ja mexeu com os dois hemisférios do meu cérebro e, de quebra, com os hemisférios ocidentais e orientais do meu coração.
Dá vontade de caçar a coleção inteira, que apresenta as principais idéias de pessoas (acho que posso chamar de pessoas) como Einstein, Chaplin, Buda, john lennon, Sócrates, glauber Rocha, Voltaire, Machado de Assis, Sartre, Shakespeare, vários outros, além do nosso fundamental Fernando Pessoa. E ja no capítulo que segue...: Pessoa por ele mesmo...

"É necessário agora que eu diga que espécie de homem sou. Meu nome, não importa, nem qualquer outro pormenor exterior meu próprio. Devo falar de meu caráter.
A constituição inteira de meu espírito é de hesitação e dúvida. Nada é ou pode ser positivo pra mim; todas as coisas oscilam em torno de mim, e, com elas, uma incerteza para comigo mesmo. Tudo pra mim é incoerência e mudança. Tudo é mistério e tudo esta cheio de significado. Todas as coisas são 'desconhecidas', simbólicas do desconhecido. Em consequência, o horror, o mistério, o medo por demais inteligente.
Pelas minhas próprias tendências naturais, pelo ambiente que me cercou a infância, pela influencia dos estudos realizados sobre o impulso delas(dessas mesmas tendências), por tudo isto meu caráter é da espécie interiorizada, concentrada, muda, não auto-suficiente, mas perdida em si mesma. Toda a minha vida tem sido de passividade e de sonho."

E aí eu ja não preciso dizer mais nada.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Traço simples

A cidade acelera os corações dispersos.
Eu, sentada neste ponto, enquanto as máquinas se cruzam com pressa,
o sol inquieta os apressados e o tempo se comprime em rastros de imperfeições,
eu,
absolvida,
absorvida em atenção e sentido,
observo um casal de andorinhas sobrevoando o caos como se ali nada houvesse.
Juntas, desafiando a força do vento e a ele se entregando.
Cada qual com sua penagem, sua coragem, uma mais pretinha, a outra coradinha e eu
me pergunto: Estão juntas as andorinhas?
E a resposta logo me pousa quando pousam pois, as andorinhas, num fio de energia.
A mim não cabe saber porque voam unidas se no céu outras tantas seguem em bando.
Eu me contento em assistir o espetáculo de uma aventura a dois e levito na cidade enquanto o ônibus não vem.
Que sorte a minha.
Bem aventurados os expectadores do mundo.

domingo, 1 de novembro de 2009

Eu sinto que tenho me tornado uma pessoa triste, embora ainda consiga absorver espasmos de felicidade intensa.
A zebra, afinal, é branca com listas pretas
ou preta com listras brancas?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

sugado ao mim de mim...

Mineração do outro

Os cabelos ocultam a verdade.
Como saber, como gerir um corpo alheio?
Os dias consumidos em sua lavra
significam o mesmo que estar morto.

Não o decifras, não, ao peito oferto,
monstruário de fomes enredadas,
ávidas de agressão, dormindo em concha.
Um toque, e eis que a blandícia erra em tormento,
e cada abraço tece além do braço
a teia de problemas que existir
na pele do existente vai gravando.

Viver-não, viver-sem, como viver
sem conviver, na praça de convites?
Onde avanço, me dou, e o que é sugado
ao mim de mim, em ecos se desmembra;
nem resta mais que indício,
pelos ares lavados,
do que era amor e dor agora, é vício.

O corpo em si, mistério: o nu, cortina
de outro corpo, jamais apreendido,
assim como a palavra esconde outra
voz, prima e vera, ausente de sentido.
Amor é compromisso
com algo mais terrível do que amor?
pergunta o amante curvo à noite cega,
e nada lhe responde, ante a magia:
arder a salamandra em chama fria.

Carlos Drummond de Andrade


Beatriz

"Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz

Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida.
(...)
Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz." Chico Buarque


Mais do mesmo.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Na natureza selvagem


"Há um tal prazer nos bosques inexplorados;
Há uma tal beleza na solitária praia;
Há uma sociedade que ninguém invade,
perto do mar profundo e da música do seu bramir.
Não que eu ame menos o homem,
mas amo mais a natureza."
Lord Byron*



O filme é de uma magnitude tão reveladora pra mim que tecer qualquer comentário seria mero.
Trata-se da história real de Christoper McCandless, um jovem recém-Licenciado, bom aluno, bom filho, que abre mão do horizonte de oportunidades comerciais e financeiras e vai embora sem um rumo determinado. Decepcionado com sua família, sempre mergulhada em violência e mentira, cansado de uma sociedade hipócrita fundada em valores materialistas, batizou-se de Alexander Supertramp e foi buscar sua verdade no contato puro e entregue com a natureza. Um filme sobre o mal-estar na sociedade, o poder, a resistência, 'a lei natural dos encontros', a magia da leitura, o amor, a vida e a morte.
Eu não tenho lá talento com resenhas de filmes, sobretudo quando ele fere e desperta sentimentos cuja forma e compreensão ainda não alcancei. Mas eu recomendo.

"Ja vivi muita coisa e agora acho que sei o que é preciso para ser feliz. Uma vida mansa e isolada no interior com a possibilidade de ser útil a quem é fácil ser bom. Pessoas que não estão acostumadas a serem servidas..." Tolstoy*

" A felicidade só existe quando compartilhada." Christoper McCandless*


* Frases e autores citados no filme.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Como dois e dois são cinco

http://www.youtube.com/watch?v=A7Z_qIJwaZs

Quando você me ouvir cantar
Venha não creia eu não corro perigo
Digo não digo não ligo, deixo no ar
Eu sigo apenas porque eu gosto de cantar
Tudo vai mal, tudo
Tudo é igual quando eu canto e sou mudo
Mas eu não minto não minto
Estou longe e perto
Sinto alegrias tristezas e brinco

Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco

Quando você me ouvir chorar
Tente não cante não conte comigo
Falo não calo não falo deixo sangrar
Algumas lágrimas bastam pra consolar
Tudo vai mal, tudo
Tudo mudou não me iludo e contudo
A mesma porta sem trinco, o mesmo teto
E a mesma lua a furar nosso zinco

Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco

Caetano Veloso