quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Traço simples

A cidade acelera os corações dispersos.
Eu, sentada neste ponto, enquanto as máquinas se cruzam com pressa,
o sol inquieta os apressados e o tempo se comprime em rastros de imperfeições,
eu,
absolvida,
absorvida em atenção e sentido,
observo um casal de andorinhas sobrevoando o caos como se ali nada houvesse.
Juntas, desafiando a força do vento e a ele se entregando.
Cada qual com sua penagem, sua coragem, uma mais pretinha, a outra coradinha e eu
me pergunto: Estão juntas as andorinhas?
E a resposta logo me pousa quando pousam pois, as andorinhas, num fio de energia.
A mim não cabe saber porque voam unidas se no céu outras tantas seguem em bando.
Eu me contento em assistir o espetáculo de uma aventura a dois e levito na cidade enquanto o ônibus não vem.
Que sorte a minha.
Bem aventurados os expectadores do mundo.

2 comentários:

  1. Que lindo!...e que coinscidencia; hoje descobri o blog do programa viceverso da radio universitaria...e tinha uns videos seus cantando... linda! como sempre... por onde andas voando pequena andorinha?

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  2. nossa, Aline
    de alguma maneira me lembrei de A. Poe...(The man of the crowd)

    me atraiu muito sem eustilo e esse texo em especial. estudo literatura e meu foco é a angústia da pós modernidade. quem sabe um dia um texto teu não vai ser objeto de estudos?
    adorei
    beijão
    Joyce

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